sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

GUIRLANDA, um enfeite natalino que se populariza no Brasil


GUIRLANDA, 
um enfeite natalino que se populariza no Brasil 
Thelma Regina Siqueira Linhares 

É consenso considerar o Natal como festa universal e simbólica do nascimento do Menino-Jesus, ocorrido há mais de dois milênios, em Belém. Consenso, também, que tal fato divide o tempo histórico da humanidade em AC e DC – antes de Cristo e depois de Cristo, respectivamente. Independentemente de fé e religião, o Natal, vem ao longo dos séculos, incorporando símbolos, pagãos e profanos, anteriores, inclusive, ao próprio fato do nascimento do Menino-Deus e criação do cristianismo. É um ciclo – o Ciclo Natalino – com características próprias que se reflete nas tradições folclóricas, populares e clássicas. Símbolos natalinos diversos combinam-se para dar especificidade ao período, que cada vez mais se estica, apoiado pela mídia e pelo marketing e estimulando o comércio, cujas vendas são as melhores do ano. 

A guirlanda é um desses símbolos cada vez mais presente na decoração natalina do Brasil. O cinema americano aparece como grande responsável pela sua popularização no mundo cristão ocidental, a partir da segunda metade do século XX. Decorar a porta da frente, do lado de fora, com guirlanda, principalmente se tiver sido presenteada, é atrair bons fluídos, pois se trata de um adorno de “chamamento” de boas-vindas. É tudo de bom! 
Em português, a guirlanda recebe várias denominações. Segundo o dicionário Houaiss, é grinalda “coroa de flores”. Festão ornamental feito de flores, frutas e/ou ramagens entrelaçadas. Para grinalda oferece outros nomes: capela, coroa, diadema, estema, guirnalda, láurea, lauríola, louro e pancárpia. 

A guirlanda pode ser confeccionada por muitos materiais. Cipós, fitas, plásticos, palhas secas, bombons, chocolates são algumas versões profanas popularizadas. Industriais ou artesanalmente feitas. Material reciclado, igualmente, vem ganhando terreno na confecção de guirlandas no Brasil. Também, ilustram cartões e transformam-se em adereços e enfeites de árvores de natal. 

Tradicionalmente nos países nórdicos, a guirlanda é uma mandala (cujo círculo lembra que a vida é um ciclo de nascimento à morte) coberta por folhagens (de heras, pinheiros ou azevinhos que oferecem proteção no inverno gelado, afugentando a má-sorte e agouros). Uma fita vermelha (representando o amor de Deus pela humanidade) e as velas acesas (a fé e a alegria) completam a guirlanda ou Coroa de Avezinha. 
A guirlanda ou Coroa do Advento, considerando-se seu aspecto religioso, é um dos mais significativos símbolos natalinos, pois anuncia a boa-nova no Advento - preparando para o Natal - momento de reflexão, de busca do perdão, para vivenciar o Amor e a Paz pregados por Jesus Cristo, nas religiões cristãs. Nessa guirlanda, há quatro velas. A cada domingo de dezembro, uma é acesa, numa atitude de preparação para o grande acontecimento. 

http://thelmaregina.blogspot.com.br/2008/12/guirlanda-um-enfeite-natalino-que-se.html

http://usinadeletras.com.br/
Artigos-->GUIRLANDA, um enfeite natalino que se populariza no Brasil -- 18/12/2005 - 22:46 (Thelma Regina Siqueira Linhares)

http://thelmaregina.blogspot.com.br/2014/12/guirlanda-um-enfeite-natalino-que-se.html

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Tradições Natalinas




TRADIÇÕES NATALINAS 
Thelma Regina Siqueira Linhares 


As comemorações natalinas e de fim-de-ano no planeta Terra têm traços comuns. Comemoram o nascimento de Jesus Cristo, iniciando uma nova contagem de tempo – o AC e DC (antes e depois de Cristo). Mesmo os povos e cultura não-cristãs, têm de certa forma, essa influência, pois na Idade Média, com as Cruzadas e as Descobertas Marítimas, a fé cristã foi se globalizando, imposta pelos conquistadores, em especial, portugueses, espanhóis e ingleses. E, as de fim-de-ano, referem-se à passagem para um novo ano civil, mundialmente aceito, embora convivendo com outros rituais e contagens de tempo, como por exemplo, entre os judeus e chineses, que já passaram do ano 5000... Anteriormente, o ano se iniciava em 1º de abril, hoje o dia Universal da Mentira, quando o calendário gregoriano 
passou a ser adotado. 








                                                                                              


presépio, representando o nascimento de Jesus Cristo, é atribuído a São Francisco de Assis. Hoje, materiais diversos (barro, madeira, pedra, palha, massa, plástico, etc,) dão vida à cena de Belém, com forte influência da descrição bíblica, adotada pela Igreja Católica. 


         

As árvores de natal são atribuídas a Lutero ou Calvino, que teria iluminado um pinheiro, numa fria noite de Natal, do inverno europeu. Anteriormente, outros povos enfeitavam árvores diversas para outras comemorações, festejar colheitas, por exemplo. Aqui, também, a diversidade de materiais, embora os pinheiros artificiais industrializados sejam os mais freqüentes. Luzes, bolas coloridas, laços, correntes, presentinhos e uma diversidade de enfeites. Parece que quanto mais enfeitada, mais bonita a árvore. Fica longe no tempo, aquela árvore de natal, improvisada com galhos de árvore, pintada ou, simplesmente recoberta com algodão, à semelhança de neve, em nosso país tropical... 

         


Papai Noel, como se apresenta aqui no Brasil, é totalmente importado dos Estados Unidos. Teria sido apresentado na década de 30, do século passado, fincando raízes cada vez mais profundas, nas tradições natalinas. O comércio, a propaganda e, com certeza, as tropas americanas, que fizeram base no 
Rio Grande do Norte, durante
 a II Guerra Mundial, devem ter contribuído bastante para sua popularização. Embora a sua origem seja relacionada a São Klaus ou São Nicolau e diferentes culturas e povos deêm diferentes traços e caracterizações (negro, olhos puxados, roupas diferentes). 



                            

troca de presentes, especialmente, do amigo secreto, oculto ou presente, ganha espaço cada vez maior, na família e no ambiente de trabalho, por questões econômicas, talvez. 

Os cartões natalinos, igualmente passam por mudanças:  torpedos de celulares, cartões virtuais são usados.



ceia de natal, também, passa por modificações e influências. Convivendo com o peru, há o chester, os pratos frios, o bacalhau. E o panetone, cada vez mais presente nos lares brasileiros. Independente da fartura da mesa, famílias há com suas receitas natalinas tradicionais e,
 algumas vezes, secretas. 



Algumas tradições folclóricas ou populares próprias do ciclo natalino, às vezes, nas últimas décadas, a ele transcendem. Para turista ver. Para incorporar um fora de época, a exemplo, de carnavais fora de época, no país inteiro... Pastoris, folias de reis, etc. 




As superstições e crendicesdiversas são um capítulo à parte dos festejos natalinos e de fim-de-ano. Para renovar, trazer paz, saúde, dinheiro, enfim, o sonho maior que se quer ver concretizar nos próximos 365 dias. Cores, roupas, banhos, comidas, falares, rituais, individuais ou coletivos, que são incentivados pela mídia, principalmente. 



Conclusões: 
Inegavelmente, a mídia (em especial, tv, revistas, propagandas e cinema) tem um papel importantíssimo na divulgação de informações culturais 
O comércio, especialmente, os shoppings, têm um papel marcante nisso, também. Decoram-se, no mês de novembro e, muitas vezes, usam e abusam do tema, com coisas que não tem muito a ver com a essência do ciclo natalino. Por exemplo, ursos, doendes, famílias de papai noel, etc. 
Valores e costumes diferentes, questões financeiras e sócio-educativas que resultam na grande desigualdade social do Brasil e a globalização possibilitam que as tradições natalinas, assumam peculiaridades nos natais da atualidade. Refletindo nossas origens multiraciais e multiculturais. Tradições natalinas, sim. Embora mutantes e mutáveis. 



www.usinadeletras.com.br Ensaios-->Tradições Natalinas -- 30/10/2004

http://thelmaregina.blogspot.com.br/2008/12/tradies-natalinas.html

socializandoleituras.blogspot.com/ LER É TÃO BOM





domingo, 14 de dezembro de 2014

SÓ UM CONTO DE NATAL



SÓ UM CONTO DE NATAL 
Thelma Regina Siqueira Linhares

Já tinha ouvido falar de Natal. De um tal Menino Jesus, pobrezinho, que nasceu há muito tempo, num lugar longe, mas de nome bonito – Belém. Tinha pai e mãe. Ganhou presentes de pastores e reis. Teve anjos e animais por companhia.
Mas, hoje, quem aparece mesmo é o Papai Noel. Não sei como ele agüenta aquela roupa vermelha e quente. Bem que poderia fazer a barba e cortar os cabelos. Afinal, já é bem velhinho pra chamar tanta atenção... o bom é que ele tem um saco cheinho de presentes e que atende sempre aos pedidos das crianças. Sempre, não. Quase sempre. Pois presente de criança pobre corre o risco de ser trocado de última hora. Nunca vem na quantidade pedida ou é radicalmente substituído no conteúdo. Isso, quando não passa batido... 
E o Natal estava chegando. 
Percebia, aos poucos, as ruas, praças, lojas e casas se transformando. Árvores enfeitadas por bolas coloridas, laços e fitas. Sinos. Velas. Presépios. E luzes. Muitas luzes. E o vai-e-vem de gente cada vez mais carregada de pacotes. 
Só a minha rotina parecia não mudar. Continuando na rua com o grupo de iguais. Não obedecendo limites sociais. Fazendo quase tudo que dava na telha. Morcegando ônibus. Chutando portão. Brigando por um pão ou pela cola. Pedindo dez centavos nos sinais. Dormindo ao relento... Voltar pra casa, nem pensar. 
Então, chegou a véspera do Natal. Drogado, sofri um atropelamento de moto e fui parar num hospital público. Passei por uma cirurgia na perna. Na enfermaria, convalescendo, fiquei com outras crianças, em plena noite de Natal. Ainda groge da anestesia e da cola, com certeza, vi quando ele se aproximou. Achei que era um anjo. Gordinho, cabelos encaracolados e com um pacotinho nas mãos. Ele me entregou e desejou Feliz Natal. Nem agradeci. Abri o pacote e vi um carro vermelho. Lindo! 
Só mais tarde é que entendi que o Feliz Natal, na verdade, foi a chance de continuar vivo e poder recomeçar. 

(Recife, dez/2004)

http://usinadeletras.com.br/
Contos-->Só um conto de Natal -- 19/12/2004 - 08:53 
(Thelma Regina Siqueira Linhares)

http://www.camarabrasileira.com/btn08-017.htm
Publicado na Antologia "Os mais belos Textos de Natal" - Edição 2008 - Novembro de 2008


http://thelmaregina.blogspot.com.br/2014/12/so-um-conto-de-natal.html

domingo, 7 de dezembro de 2014

No jardim lá de casa / Thelma Regina Siqueira Linhares


No jardim lá de casa

é o meu novo livro de poemas. Ainda inédito.



No jardim lá de casa...
Thelma Regina Siqueira Linhares

No jardim lá de casa
também é possível aprender
que natureza é vida.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Programa Manuel Bandeira: Águas do Capibaribe

O Recital Águas do Capibaribe foi a formação do 
PMBFL-Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores 
em novembro/2013 
para o grupo de Professoras/es de Biblioteca
 e Mediadoras/es de Leitura.


Publicado em 16/04/2014
O Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores foi criado em 2006 para dar materialidade à política de formação de leitores. Contribui na formação de comunidades leitoras a partir da implantação de salas de leitura e bibliotecas escolares, renovação e ampliação dos acervos, formação continuada de mediadores de leitura e incentivo à produção autoral de estudantes e professores.

(Texto do Canal de Tecnologia)


terça-feira, 7 de outubro de 2014

Concurso Artístico Cultural “Carolina Maria de Jesus - de catadora de lixo a escritora famosa”

PREFEITURA DO RECIFE
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
 SECRETARIA EXECUTIVA DE GESTÃO PEDAGÓGICA - SEGEP 
GERÊNCIA DE POLÍTICA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA - GPFP
GRUPO DE TRABALHO EM EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS – GTERÊ
GRUPO DE TRABALHO EM ORIENTAÇÃO SEXUAL - GTOS
PROGRAMA MANUEL BANDEIRA DE FORMAÇÃO DE LEITORES - PMBFL
ESCOLA AMBIENTAL ÁGUAS DO CAPIBARIBE – EAAC

Regulamento
 do Concurso Artístico Cultural
 “Carolina Maria de Jesus - de catadora de lixo a escritora famosa”

 O Concurso Artístico Cultural “Carolina Maria de Jesus – de catadora de lixo a escritora famosa” será realizado pela Secretaria de Educação do Recife, através da SEGEP, GPFP, GTERÊ, GTOS, PMBFL e EAAC, em homenagem ao centenário da escritora negra e favelada, Carolina Maria de Jesus, que tem como marca na sua trajetória a superação de preconceitos e discriminações e a denúncia do racismo através da escrita de seus diários e memórias.
1 – Do Concurso
1.1. Este concurso tem caráter exclusivamente educativo e cultural, sem qualquer modalidade de sorteio ou pagamento, nem vínculo à aquisição ou uso de qualquer bem, direito ou serviço. 1.2. A participação neste concurso é voluntária e gratuita.
1.3. As unidades de ensino terão acesso a algumas produções em vídeo e textos sobre a escritora.
1.4. Os trabalhos poderão ser apresentados nas categorias: texto (em qualquer gênero) e artes (pintura, escultura, instalação, teatro, vídeo).
2 – Da Duração do Concurso
2.1. Este concurso será realizado no mês de outubro/2014.
3 – Da Elegibilidade dos Participantes
3.1. O Concurso é válido para os/as estudantes de todas as Etapas e Modalidades de Ensino da Rede Municipal do Recife.
4 – Da Participação no Concurso
4.1. Os/As participantes deverão enviar suas produções artísticas para o GTERÊ/GTOS – prédio do CAP – Centro Administrativo Pedagógico – 3º andar, dentro do prazo previsto neste regulamento (outubro/2014).
4.2. A autoria deve ser exclusiva do/a estudante com a mediação dos/as professores/as em relação aos aspectos conceituais;
5 – Do Critério de Seleção dos Trabalhos
5.1. Serão considerados/as ganhadores/as aqueles/as que produzirem utilizando linguagens artísticas e culturais, de formas mais criativas e inovadoras.
5.2. Os trabalhos serão julgados por uma comissão formada por técnicos/as do GTERÊ, GTOS, PMBFL e EAAC.
5.3. O resultado será divulgado no dia 05 de novembro de 2014 e os trabalhos ficarão em exposição durante os meses de novembro e dezembro, no Centro de Formação de Educadores Professor Paulo Freire e no CAP – Centro Administrativo Pedagógico (sala do GTERÊ) e em Museus da Cidade.
6 – Da Certificação 6.1. Os/As autores/as terão expostos seus trabalhos, receberão um certificado e poderão socializar suas experiências em espaço de formação da Rede Municipal de Ensino.
7 – Da Cessão de Direitos
7.1. As/Os vencedoras/es autorizam, desde já e de forma gratuita, a veiculação de seus nomes, imagens, sons de voz e materiais próprios enviados à equipe organizadora, sem limitação de espécie alguma para utilização dos mesmos em fotos, cartazes, filmes, spots e em qualquer tipo de mídia e peças promocionais para a divulgação da exposição.
7.2. Para se efetivar a autorização faz-se necessário o devido preenchimento do documento “Cessão de Direitos”, pelo/a participante quando maior (anexo I) ou por seu responsável quando menor (anexo II).
8 – Das Disposições Gerais
8.1. As eventuais dúvidas serão sanadas ou esclarecidas pela equipe organizadora. 

sábado, 14 de junho de 2014

CICLO JUNINO / Thelma Regina Siqueira Linhares

http://thelmaregina.blogspot.com.br/2014/06/ciclo-junino-thelma-regina-siqueira.html



SÁBADO, 14 DE JUNHO DE 2014


CICLO JUNINO / Thelma Regina Siqueira Linhares

Republicação do texto publicado neste blog em 30/05/2009:http://thelmaregina.blogspot.com.br/2009/05/ciclo-junino.html




CICLO JUNINO
Thelma Regina Siqueira Linhares 

O mês de junho, para o nordestino, é um período de muita alegria e festança, pois é vivenciado o ciclo junino, entre fogueiras, fogos, comidas típicas e muito forró. 
Esse ciclo, juntamente com o carnavalesco e o natalino, constituem as três principais temáticas das manifestações de festejos populares do Brasil, cada qual com suas peculiaridades e características. 
Para alguns estudiosos, o ciclo junino se inicia em 19 de março, dia dedicado a São José e ao plantio do milho, a base da culinária típica junina – com receitas de dar água na boca... Para o sertanejo e adepto da meteorologia popular, derradeira data para prever um bom inverno (chuvoso) ou seca inclemente. Promessas, rezas e procissões acontecem para pedir chuvas fartas e benfazejas, tendo o pai adotivo do menino Jesus por mediador. Mas é em junho, que a religiosidade popular, herdada pelo branco europeu colonizador, extrapola os muros das igrejas católicas e atinge a comunidade em toda a sua plenitude, atestando a popularidade dos santos entre os brasileiros. Inúmeros Antônio, João e Pedro nos nomes próprios, nas localidades, nos pontos comerciais, etc., testemunham o carisma dos santos juninos (de junho) ou joaninos (de João), ainda hoje. 

OS SANTOS DO CICLO JUNINO 

Santo Antônio
Santo Antônio é comemorado no dia 13 de junho sendo a sua véspera considerada o dia dos namorados. 
Ele nasceu em Lisboa, em 15 de agosto de 1195 e faleceu 35 anos depois, em Pádua, Itália. 
Participou de missões em Marrocos. Lecionou Teologia em universidades italianas e francesas, adquirindo reputação de orador sacro. Foi canonizado pelo Papa Gregório IX, menos de ano após sua morte e considerado Patrono de Portugal e de Pádua. 
Os portugueses trouxeram para a colônia além-mar a devoção a Santo Antônio. Em Pernambuco, em 1550, a ele foi erguida uma capela, que deu origem ao primeiro Convento Carmelita no Brasil: Convento de Santo Antônio do Carmo. No sincretismo religioso, Santo Antônio é confundido com os orixás guerreiros Oxosse, Ode e Ogum. 
A trezena de Santo Antônio é rezada nos primeiros treze dias do mês. Muita reza, promessas e procissões. Mas a devoção ao santo é sentida no ano inteiro. É o achador das coisas perdidas. O casamenteiro. Ao longo de mais de oitocentos anos de devoção, Santo Antônio vem sofrendo toda a sorte de pressão para fazer jus ao título de santo casamenteiro: ser pendurado de cabeça para baixo, ter o Menino Jesus roubado de seus braços, voltar ao nicho ( altar) só após a realização do pedido amoroso. Desempenhou, ainda, papel importante nas milícias brasileiras, particularmente, nos séculos XVIII e XIX, chegando a ocupar patentes diversas e a receber o soldo correspondente em alguns Estados (antigas províncias brasileiras). 

São João
 São João é o mais popular dos santos juninos. À exceção da Virgem Maria e do menino Jesus, é o único santo comemorado no dia do seu nascimento – 24 de junho. Filho de Zacarias e Isabel, prima de Maria, mãe do Filho de Deus. Seu nascimento e missão foram anunciados pelo anjo Gabriel e, quando nasceu, esse fato foi comunicado, conforme combinação, por uma fogueira. Também chamado de o Batista, pois batizou Jesus no Rio Jordão foi, também, seu precursor, pregando antes Dele, anunciando-O. 
Morreu degolado, por ordem de Herodes Antipas, a pedido de sua enteada Salomé. 
Uma de suas representações é a de São João do Carneirinho, menino, ainda. 
No sincretismo religioso, São João é o orixá Xangô. 
Segundo uma das muitas lendas, São João deve permanecer dormindo na noite de 23 para 24, apesar de toda a festança e foguetório aqui na Terra, pois, do contrário, provocaria o fim do mundo por fogo... 

São Pedro

São Pedro é festejado em 29 de junho. Foi um dos doze apóstolos escolhido por Jesus para ser o fundador da Igreja Católica “Segue-Me e farei de ti um pescador de homens.” Foi o primeiro Papa da Igreja Católica Romana. 
Nasceu na Galiléia e foi pescador. Também conhecido por Simão, Simão Pedro e Simão Barjona. Morreu crucificado, pregado de cabeça para baixo, a seu pedido, por se considerar indigno de morrer como Jesus Cristo. 
Nos cultos afro-brasileiros tem um correspondente nos orixás Exu ou Legbá. Popularmente é o chaveiro do céu, aquele que recebe as almas dos recem-falecidos. É o protetor dos pescadores e das viúvas, por ter tido este estado civil. 

São Paulo
São Paulo, também, é festejado no dia 29 de junho. Cidadão romano, Saulo foi um perseguidor ferrenho e cruel dos primeiros cristãos, até o dia em que, na estrada de Damasco, ouviu a voz de Jesus, convertendo-se, então. Foi decapitado por uma espada. 


TRADIÇÕES JUNINAS 
Algumas tradições juninas, tão difundidas no passado, podem ser classificadas como ecologicamente incorretas e alvo de campanhas conscientizadoras e, até, proibitivas. Por exemplo, queima de fogos, uso de fogueiras, soltura de balões, tiros de bacamartes, guerra de lanças, etc. Além de muito prejudiciais ao meio-ambiente podem ser, igualmente, ofensivas a quem brinca com fogo... 



Fogueira 
Nos bairros mais populares, por volta das 18:00 horas, se inicia o ritual de acender as fogueiras, na véspera dos três grandes dias: 13, 24 e 29 de junho. Reza a tradição que a fogueira deve ser feita por sete anos consecutivos, pois do contrário, o responsável pode ter problemas de saúde e até morrer... 
A fogueira foi incorporada ao folclore junino como aviso de que São João Batista havia nascido, embora na Antiguidade, em festas pagãs diversas, o uso de fogueiras e fogo fosse prática comum e difundida. 

Fogos 
Os fogos constituem outro ítem característico do ciclo junino. Bombas, “peido de véia”, diabinhos, vulcões, estrelinhas, rojões enfeitam e poluem o ar com muita fumaça e barulho durante as festas juninas. Alertas são divulgados na imprensa para minimizar a exposição com fogos, que, infelizmente, aumenta as estatísticas de queimados em hospitais durante o período festivo. 

Balões 
Talvez sejam os balões uma das características mais cantadas e decantadas em versos de poetas e compositores da MPB – música popular brasileira. No entanto, eles estão sendo batidos de frente, em múltiplas campanhas governamentais, pois podem causar acidentes em aviões, provocar incêndios em matas e reservas florestais, entre outros danos. 

Bacamarteiros 
Tradição decorrente da Guerra do Paraguai (1865) quando as descargas de artilharia das granadeiras eram usadas para anunciar as vitórias ou assustar os inimigos. Posteriormente, as armas foram adotadas pelos cangaceiros e jagunços dos sertões nordestinos e, mais tarde, incorporado ao folclore dos ciclos junino e natalino, nas exibições coletivas. 
Os atiradores de bacamarte, fardados, são divididos em batalhões, sob a direção de um comandante, exibindo com valentia, o poder de fogo de seus bacamartes – armas de fogo de cano curto e largo. 

Bandeirinhas e Correntes de papel ouplástico 
São tradições juninas usadas para compor o ambiente dos arraiais – os arraiá - que podem ser adaptados numa rua, num quintal, numa quadra ou, até, em uma sala-de-aula. Com certeza, mais inofensivos que os poderosos fogos. 

Adivinhações e Simpatias 
As adivinhações e simpatias constituem um capítulo especial do ciclo junino. 
Os utensílios usados devem ser virgens, isto é, nunca usados. A fé da pretendente e a observância das orações e rituais são importantes. A oração da Salve Rainha, até nos mostrai é uma das mais usadas. 
As adivinhações e simpatias devem ser feitas a partir das 18:00 horas da véspera dos dias dos três santos juninos. Jovens casadouras, buscando vislumbrar o futuro amoroso, fazem uso de crendices e superstições diversas, testadas ao longo de séculos. Por exemplo: 
Em uma bacia virgem, com água, derramam-se pingos de vela rezando a Salve Rainha, até nos mostrai. Os pingos da vela irão formar as iniciais do nome do futuro namorado. 
Segura-se um fio de cabelo com uma aliança sobre a boca de um copo virgem rezando-se a Salve Rainha até nos mostrai. Tantas vezes a aliança bater na borda do copo, tantos anos para o casamento. 
A moça escreve o nome de seis rapazes que conhece, em papeizinhos dobrados e guardados embaixo do travesseiro, quando for dormir. Aquele rapaz com quem sonhar será o namorado esperado. 

Oração 
Salve Rainha, mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas. 
Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos, a nós volvei e depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria. 
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. 
Amém. 

Comadre e compadre de fogueira 
Há algumas décadas era considerado prá valer as comadres e compadres de fogueira. De mãos dadas, pulavam a fogueira, enquanto diziam: 
São Pedro disse 
Santo Antônio confirmou 
Vamos ser comadres (compadres) 
Que São João mandou. 

Acorda Povo 
Corresponde a uma procissão religiosa, acompanhada de dança. Saindo na madrugada do dia 23, desperta e convoca o povo para os festejos do padroeiro – São João. 

Bandeira de São João 
Corresponde a uma procissão religiosa, acompanhada de dança, instrumentos de percussão ou uma bandinha. Levando à frente uma bandeira de pano, com a imagem de São João do Carneirinho, uma estrela e um andor. Sai nas primeiras horas da noite do dia 23, percorrendo várias ruas. Muita oração e cantoria durante o cortejo. 


DANÇAS E FOLGUEDOS JUNINOS 
Quadrilha 
A quadrilha matuta ou tradicional tem suas origens no século XIX nos salões franceses. Muitos comandos e passos, inclusive, denunciam tal herança: anavantur, anarrié, balancê, entre outros termos. 
As matutas usam vestidos rodados, de chitão florido, muitas fitas e rendas. Chapéu de palhas, trancinhas, muitas pintas no rosto, tênis ou sandálias de couro. Os matutos vestem calças jeans remendadas com vários pedaços de pano, que pode, ou não, ser o mesmo da camisa de mangas compridas, xadrez. Lenço vermelho amarrado no pescoço. Bigode e costeletas pintados. Chapéu de palha. Tênis ou sandália de couro. Cachimbo na boca ou no bolso da camisa. 
Os pares, em número par, são dispostos em duas filas, ficando vis a vis com o par da frente. Mas há momentos de se dançar em círculo, de par, no grande grupo. Túnel, galope, passeio dos namorados, a chuva, grande roda, desfile são alguns dos passos da quadrilha matuta. 

quadrilha estilizada é disposta diferente. Traz coreografia própria e uma miscelânia de músicas populares e de hits da atualidade. Quase sempre concorrem a prêmios patrocinados pela mídia televisiva – os famosos concursos de quadrilha junina. Os matutos e as matutas vestem-se a partir de uma temática única e definida previamente. Tudo com muito brilho, cetim e fazendas caras. Algumas figuras são indispensáveis no figurino: o casal de cangaceiros, a cigana, e a sinhazinha. 

casamento matuto - artesão não identificado
Casamento Matuto 
O casamento matuto é um momento de apoteose da quadrilha. Presente tanto na quadrilha matuta quanto na quadrilha estilizada. A história tem basicamente o mesmo roteiro. Os noivos têm nomes compridos, extravagantes, dúbios... e o casamento tem que acontecer porque a noiva não é mais virgem, está gestante e seus pais pressionam o noivo fujão para reparar o mal feito... As autoridades – delegado, polícia e padre – caçam o noivo. O bêbado se faz presente antecipando comemorações... No final, o sim é dito para alegria dos convidados – os pares da quadrilha – e os expectadores da brincadeira. As quadrilhas mais poderosas chegam a trazer carroças festivamente decoradas por bandeirolas de papel. 

Xaxado 
Para alguns estudiosos, o xaxado, dançado por homens, se originou no sertão pernambucano, podendo até ter sido inventado por Lampião e seus cangaceiros... Certo é que os cangaceiros foram os grandes divulgadores desta dança, nas terras nordestinas. 
Dançado em círculo ou em fila indiana, o som das alpercatas de couro, arrastadas no chão, deu-lhe ritmo e nome. Zabumbas, pífanos, triângulos e sanfonas foram, gradativamente, dando suporte musical ao xaxado, enquanto, as mulheres passaram a ser parceiras. 

Bandas de Pífano 
Conjunto instrumental de percussão e sopro tradicional dos sertões nordestinos, principalmente, Pernambuco, Paraíba e Ceará. O nome vem de pífano – antigo flautim militar, que marcava o ritmo da marcha das tropas. 
Mestre Vitalino, artesão de Caruaru e que fez escola, em meados do século passado, popularizou a banda de pífano, entre os muitos motivos trabalhados no barro. 

forró e trio de forró - artesão não identificado
Xote, Baião e Forró 
Para os músicos e especialistas, xote, baião e forró são ritmos distintos, com características e peculiaridades próprias. Para o povo, especialmente, nas noites de junho, o importante é a alegria que vem desses ritmos, gostosamente dançados, agarradinho... Se houver sanfona, triângulo e zabumba, então, o forró pé-de-serra é melhor ainda! 
Extrapolando o período junino, o forró conquista e mantém posição de destaque como música e dança no cenário da MPB. 

Luiz Gonzaga 
O pernambucano do século, eleito por votação em 2001, é a personificação dos ritmos musicais que mais caracterizam o ciclo junino. Inúmeras canções, incorporadas ao cancioneiro popular e aos hits do passado, são cantadas e tocadas em todos os arraiais festeiros de junho. 


COMES E BEBES JUNINOS 
culinária junina é outra característica fundamental deste ciclo, que tem o milho por base e herança herdada dos povos indígenas das Américas. Inúmeras receitas consagraram-se e atestam a miscegenação das raças formadoras do povo e cultura brasileira. Milho assado ou cozido, pamonha, canjica, bolo-de-milho, pé-de-moleque, bolo de macaxeira, bolo de batata-doce, bolo Souza Leão e outras gostosuras. É de deixar água na boca e alguns quilinhos a mais, felizmente, queimados pela energia desprendida no forró, quadrilhas, xaxado e ciranda... 

canjica

Canjica Pernambucana 
Ingredientes: 
25 espigas de milho verde 
1 xícara de leite de coco grosso 
4 litros de leite de coco ralo 
3 xícaras de açúcar refinado 
1 colher de sopa de manteiga 
1 colher de sopa rasa de sal 
1 xícara de chá de erva-doce 
50 gramas de queijo de manteiga ralado (opcional) 
Modo de fazer: 
Ralar as espigas e lavar a massa com parte do leite ralo em peneira finíssima. Passar no liquidificador. Juntar o resto do leite ralo e levar ao fogo, mexendo com colher de pau. Depois de meia-hora de fervura, acrescentar os outros ingredientes e, por último, o leite grosso. Cozinhar em fogo médio, mexendo sempre. Despejar em pratos, polvilhando com canela em pó. 

pé-de-moleque

Pé-de-moleque 
Ingredientes: 
1 quilo e meio de massa de mandioca 
2 cocos 
600 g de açúcar refinado 
5 g de cravo torrados 
5 g de erva-doce torrada 
1 litro d’água quente 
300 g de castanhas de caju torradas e moídas 
100 g de castanhas de caju torradas (inteiras) 
2 gemas 
1 colher de sopa de manteiga derretida. 
Modo de fazer: 
Preparar a massa, lavando-a bastante para tirar o azedo. Em seguida, espremer e pesar 1 quilo de massa. Retirar o leite dos cocos com toda a água e juntar à massa e aos demais ingredientes. Por numa forma untada e levar ao forno quente. 

Bolo de Macaxeira 
Ingredientes: 
1 quilo de macaxeira crua ralada ou passada no liquidificador 
1 coco ralado 
½ litro de leite 
1 colher de sopa de manteiga 
açúcar a gosto 
Modo de fazer: 
Misturar tudo e levar ao forno médio em forma untada. 

trio de forró - artesão não identificado

Conclusão 
O ciclo junino, enquanto manifestação folclórica e popular, proporciona momentos felizes num presente e, com certeza, gratas lembranças dum passado bom de se recordar. A criançada, pela euforia de brincar com fogo, de se vestir de matuto ou matuta, de dançar quadrilha, de concorrer ao título de Rei e Rainha do Milho... A jovem, pela expectativa de tirar a sorte amorosa, nas inúmeras simpatias e adivinhações, de dançar quadrilha e forró... Os adultos pelas delícias gastronômicas da culinária junina, do forró nos arraiais... Os mais idosos, pelas músicas consagradas de Luiz Gonzaga, pelo colorido da festa... 
Não importa muito se o arraial está em Caruaru (PE) - o maior São João do Brasil – em Campina Grande (PB) – o maior São João do Mundo – ou, ainda, numa ruela de periferia da cidade grande.... Importa, sim, que não faltarão alegria, fogos, comidas típicas e muito forró para festejar os santos joaninos. 



Referências Bibliográficas 
* LIMA, Cláudia Maria de Assis Rocha . História Junina. Recife 
* SOUTO MAIOR , Mário e VALENTE Waldemar. Antologia Pernambucana de Folclore. 1988 – Ed. Massangana. FUNDAJ. 
* SILVA, Leny de Amorim. O ciclo Junino e seus Santos. Na Antologia Pernambucana de Folclore. Pág 151. 
* BONALD NETO, Olympio. Bacamarteiros. Na Antologia Pernambucana de Folclore. Pág 215. 
* SILVA, Leonardo Dantas. O Cancioneiro do Ciclo Junino. Folclore 251. Recife. Junho, l998. FUNDAJ 
* PHAELANTE. Renato. Baião 50 anos de estrada. Folclore 233 . Recife. Julho, 1996. FUNDAJ. 
* ROCHA. José Maria Tenório. Danou-se! As Quadrilhas Atuais Tomaram um Verdadeiro Banho de Americanização. Folclore 241. Agosto, 1997. FUNDAJ. 


Texto escrito para a revista on-line Jangada Brasil - Ano IV - nº 46 - jun/2002
http://www.jangadabrasil.com.br/junho46/fe46060a.htm


www.usinadeletras.com.br 08/06/2002

Comentário de Thelma Regina Siqueira Linhares em 1 de junho de 2009: Encontrei esse texto no blog 
saiddib.blogspot.com/2008/06/ciclo-junino.html 
Está lindo(!) porque foram acrescentados fotos, desenhos, vídeos e músicas. Grata a você, Said Barbosa Dib. Visite o saiddib.blogspot.com