sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Por um Recife leitor



Por um Recife leitor

O Fórum Pernambucano em Defesa do Livro, da Leitura e das Bibliotecas deseja socializar uma reflexão que vem amadurecendo desde sua criação e que está consolidando nos últimos meses, partindo essencialmente das práticas vividas no cotidiano pelos atores locais que o compõem.

Quem somos
Somos uma articulação política, apartidária e de intercâmbio de práticas de incentivo à leitura e dinamização de bibliotecas. Congregamos organizações governamentais e não-governamentais, redes sociais, grupos, órgãos de classe (conselhos, associações e sindicatos), profissionais e pessoas interessadas na efetivação do direito à leitura com vistas à emancipação social dos sujeitos (individuais e coletivos).

Nossa MISSÃO é a promoção de uma sociedade leitora que tenha garantido seu Direito de acesso à leitura e aos espaços de sua fruição, produção de informação e conhecimentos na perspectiva de seu desenvolvimento.

Nossos OBJETIVOS são contribuir para a democratização do acesso à leitura e às bibliotecas; propor ações e influir nas políticas públicas de leitura e das bibliotecas e mobilizar a sociedade para exercer o controle social.


Contexto e intenção

O Fórum defende que o tema da leitura passe a ter o tratamento de política de Estado, em substituição aos programas que surgem periodicamente em alguns governos. Uma política pública reflete a vontade de diferentes setores da sociedade em avançar para uma determinada direção e representa uma articulação coerente de medidas para transformar uma situação. Reconhecemos que hoje no Recife o momento é oportuno. A sociedade civil se mobiliza. A Câmara dos Vereadores abre suas portas para fortalecer o debate sobre uma legislação municipal. O atual Executivo municipal assume uma intenção radical frente à leitura: basta olharmos o cartaz do 7° Festival A Letra e a Voz promovido pela Secretaria de Cultura ou lembrarmos as palavras do Secretário de Educação ao afirmar que a Prefeitura pretende implantar ''uma política de leitura para a Cidade que ultrapasse os programas do governo existentes para realizar a segunda virada cultural do Recife''.
Para tal ambição, já podemos delinear alguns contornos.

Em primeiro lugar, o livro. Considerado como meio principal e insubstituível da difusão da cultura e transmissão do conhecimento. Concordamos com esta concepção, entretanto compreendemos que o livro é, sobretudo, um símbolo do universo da leitura e da escrita. É fundamental que a centralidade do seu papel esteja associada à prática da leitura, caso contrário ele não cumprirá sua função. Um livro sem leitor, sem alguém que possa dele se apossar e transformá-lo em experiência, existirá apenas como objeto. Enxergá-lo como mero produto de consumo levará à morte do leitor e a uma sociedade desumanizada.

Em segundo lugar, a centralidade das bibliotecas e sua articulação em redes. A biblioteca não é concebida aqui como um mero depósito de livros, mas assume a dimensão de um pólo difusor de informação e cultura, centro de educação continuada, núcleo de lazer e entretenimento, estimulando a criação e a fruição dos mais diversificados bens artístico-culturais; para isso deve estar sintonizada com as tecnologias de informação e comunicação, suportes e linguagens, promovendo a interação máxima entre os livros e esse universo que seduz as atuais gerações.

Em terceiro lugar, a necessidade de promotores de leitura. Ế com os outros que aprendemos a ler sozinhos! O aumento do número de leitores passa pela mediação de uma grande quantidade de formadores, institucionais ou não, sejam professores, pais, bibliotecários, educadores, contadores de história, mediadores de leitura, animadores culturais, etc. Esses atores não podem contribuir com uma política de leitura, se eles não têm a possibilidade de teorizar em conjunto suas práticas comuns. Devemos fazer da formação e da pesquisa no âmbito da leitura um dispositivo de acompanhamento e inovação social.

Em quarto lugar, a impossibilidade de separar o social, o cultural e o econômico. Na realidade, tudo está imbricado. Portanto, é necessário ultrapassar uma visão dual Mercado/Estado para considerar a pluralidade da economia realmente existente. O engajamento ativo de cidadãos é uma força econômica que permite relativizar o recurso ao Estado e ao Mercado. Ressaltamos que isto não quer dizer de maneira alguma uma espécie de “estímulo” a desresponsabilização do Estado, mas sim a (co) responsabilidade Estado/Sociedade Civil. Esta consciência leva a uma profunda mudança de postura dos atores que se sentem protagonistas, ativos e pertencentes; não mais “coitadinhos”. O leitor crítico descobre-se um ser plural: social, cultural, econômico, político, relacional e engajado, ator da transformação.

Caminho para institucionalização e efetivação
Transformar o Recife em uma sociedade de leitores não é tarefa fácil. Mas entendemos que, para transformar é preciso ler! Para transformar é preciso ler! Foi com esta compreensão que o Fórum realizou uma leitura critica do PNLL (Plano Nacional do Livro e da Leitura) articulando com os documentos que firmam os compromissos da sociedade civil e do poder público local para a qualificação das políticas na área da educação e da cultura, a saber: o Plano Municipal de Cultura da Cidade do Recife, o Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores (GBFL-SEEL), as deliberações da COMUDE (Conferência Municipal de Educação 2007), o Programa de Governo da Frente do Recife, além de consulta à lei do livro de Salvador e o projeto de lei do livro do Recife proposto em 2007.

Neste processo descobriu-se que o PNLL não é um Plano verticalizado e acabado para implementação. Pelo contrário, ele se sustenta num movimento contínuo de reflexão-ação e apropriação local, ou seja, o Plano se materializa à medida que os atores apropriam-se dele. Sua articulação com as práticas e compromissos locais aponta para dois caminhos a serem seguidos e que se complementam: 1. o projeto de Lei que estabelece a Política Municipal do Livro e de Incentivo à Cultura da Leitura e 2. uma síntese dos atuais compromissos por uma Política recifense do Livro e da Leitura.

O projeto de Lei está sendo entregue na Câmara para seguir os trâmites legais.

O documento de síntese é um instrumento de controle social que permite dar uma melhor visibilidade dos compromissos em curso, colocar cada ator frente às suas responsabilidades e definir as prioridades para efetivamente concretizar uma vontade política. Configura, também, uma poderosa ferramenta de integração dos programas e práticas nas três esferas do governo, em articulação com a iniciativa privada, os atores sociais e a sociedade civil. E é um documento subsidiário ao Plano Recifense do Livro e da Leitura.

Neste sentido, existem algumas perguntas básicas que cada instituição, organização ou simplesmente o cidadão engajado podem fazer:

1. Como as ações são planejadas, executadas, monitoradas e avaliadas?
2. Como os compromissos em curso estão previstos no ciclo orçamentário?
3. Qual é a atual contribuição da minha entidade ao PNLL? E qual é a contribuição que gostaria de dar?
4. Como posso me organizar pra fazer acontecer? E com quem posso contar?
5. Como minha atuação fortalece as práticas existentes na comunidade, no bairro, na cidade, no Estado, no país?
6. Afinal, como estou contribuindo para uma política pública de leitura?

Para finalizar, ressaltamos que a leitura e a escrita são, na contemporaneidade, instrumentos decisivos para que as pessoas possam desenvolver de maneira plena seu potencial humano. Constituem elementos fundamentais para construção de sociedades democráticas, baseadas na diversidade, na pluralidade e no exercício da cidadania. A leitura e a escrita são duas faces diferentes, mas inseparáveis, de um mesmo fenômeno de construção de sentidos. Quando eu leio, você lê, ele e ela lêem, NÓS SOMOS! E se isto ainda não é totalmente óbvio, convidamos o leitor a fazer uma reflexão e perguntar-se: afinal, quem escreve este texto?

2 comentários:

  1. Oi gente!
    Para vocês socializarem, discutirem e se apropriarem: Carta Manifesto distribuída na Audiência Pública, dia 10/09/2009, no Plenarinho da Câmara Municipal de Recife, resultado de estudos do Fórum Pernambucano em Defesa do Livro, da Leitura e das Bibliotecas, por ocasião do início de tramitação do projeto-lei Política do Livro e do Incentivo à Cultura da Leitura.

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  2. O Fórum Pernambucano em Defesa do Livro, da Literatura e das Bibliotecas confirmou encontro (SEMPRE À PRIMEIRA SEGUNDA-FEIRA DO MÊS) para o dia 05/10/2009, às 14:00h, no GOLE-Gerência Operacional de Literatura e Editoração, Av.Rio Branco, 76A - Bairro do Recife - CEP 50030-310 -
    gole@recife.pe.gov.br - Fone (81) 3232 2898.

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